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Um sucesso "made in" Brasil (Matéria do Jornal)

Não havia nenhum motivo específico, nenhum lançamento ou concerto para ser divulgado, então dar entrevista para o jornal não estava no meu horizonte nessa minha última vinda ao Brasil. Mas eis que surge um convite nesse começo do ano para uma entrevista para o Caderno C do Correio Popular de Campinas. Sem planejamento nenhum da minha parte, um bom bate-papo com a Aline Guevara se transformou em uma matéria de página inteira para o jornal.


Um sucesso "made in" Brasil (matéria do jornal Correio Popular de Campinas)

Como não tínhamos um evento específico para ser divulgado, a conversa fluiu para vários lados e eu não sabia o que esperar da matéria em si. E que alegria ao lê-la: um belo recorte da minha história profissional entre Brasil e Estados Unidos.


Compartilho com vocês aqui o texto na íntegra:

Quando o campineiro Rafael Piccolotto de Lima, formado em Composição pelo departamento de Música da Unicamp, decidiu continuar os estudos nos Estados Unidos, ele queria explorar novos conhecimentos no berço do jazz. Hoje, 11 anos depois, com uma carreira de compositor estruturada em Nova York e uma indicação ao Grammy Latino, ele vê que parte do que o levou a este lugar é o que chama de "carta na manga que quase ninguém tem": explorar nos seus arranjos a riqueza da música brasileira. "Sou privilegiado, sempre levei o Brasil comigo", ressalta.
Sua formação brasileira sempre o colocou mesclando a música popular e a erudita, mas com a adição do jazz das suas pesquisas internacionais, ele pôde testar novas possibilidades. Hoje, muito do seu trabalho no exterior é chamado de "brazilian jazz", o jazz brasileiro, pois incorpora todas suas referências. "Lá, eles veem a nossa cultura com muito respeito e interesse [...] Nós temos essa mistura de música da Europa, desta tradição que era bem estabelecida, com o ritmo, o swing e o balanço da África. Nos Estados Unidos, essa mistura virou o jazz. Por aqui virou samba, forró, chorinho. É uma riqueza musical gigante", afirma.
Um dos seus maiores orgulhos é ter feito um arranjo para o célebre Chick Corea, que se estabeleceu como um dos principais pianistas de jazz nos anos 1960. Mas ele também colaborou com muitos artistas brasileiros, como Ivan Lins, Ana Carolina, Zélia Duncan, Romero Lubambo, Martinho da Vila e Alcione. O maestro conta que a vivência fora trouxe frutos na terra natal. "Por causa das minhas realizações nos Estados Unidos eu chamei a atenção no Brasil, me abriu portas". Em conversa com o Caderno C, ele até brincou relacionando sua própria caminhada com a Jornada do Herói, o conceito de jornada cíclica descrita por Joseph Campbell. "Quando a pessoa tem que sair do lugar de origem, conquistar algo em outro lugar para voltar transformada, ter o reconhecimento e trazer coisas boas de volta".
Rafael costuma vir pelo menos uma vez por ano para Campinas, para ver a família. Mas aproveita também para trazer projetos para desenvolver aqui. Um deles foi o "Forró Sem Palavras", arranjos baseados nos ritmos tradicionais do Nordeste com uma linguagem do jazz e da música de concerto. Este foi desenvolvido pelo compositor nos Estados Unidos, depois estreou em Nova York, mas também recebeu apresentações por aqui em 2019 pela Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sob sua regência. "Começou em Campinas, com o meu interesse na música da época que eu dançava nos bares em Barão Geraldo, deu uma volta pelos Estados Unidos e voltou para cá", frisa.
O Grammy que quase não aconteceu
A indicação para o Grammy Latino em 2013, quando ele tinha 28 anos, é uma das grandes conquistas na jovem carreira de Rafael, reverberando a cada convite que recebe para novos projetos. A obra, "Aberturas Jobinianas" foi inspirada no trabalho sinfônico de Tom Jobim. Mas ele revelou que quase não inclui sua composição no álbum para o qual colaborou e que foi selecionado para o prêmio. O motivo? Ainda queria fazer revisões na obra e trabalhar uma interpretação diferente do arranjo. "Foi surpreendente! Eu não esperava. Nenhuma das outras músicas do álbum conseguiram a indicação e a minha, que não era o destaque do disco, conseguiu. Uma parte da minha história seria totalmente diferente se não fosse a insistência dos meus colegas de adicionar esta peça".
Os novos projetos de Rafael passam pelos caminhos da educação. Ele tem preparado cursos online, aulas em tempo real e também materiais gratuitos que devem ser disponibilizados, em breve, no YouTube. A ideia é lançar os primeiros no primeiro semestre de 2023 e pretende atuar em inglês e português, mas o foco é no Brasil. "Quero retornar esse conhecimento que acumulei nesses 20 anos para outras pessoas. Sei que muitos não têm a oportunidade que eu tive. Essa é a posição em que me vejo hoje, de trazer projetos interessantes, de coisas que aprendi fora, também para o Brasil", conclui.

Matéria escrita por Aline Guevara / cadernoc@rac.com.br

Publicado no Correio Popular de Campinas, dia 15/01/2023


 

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Rafael Piccolotto de Lima - Compositor, arranjador, diretor musical, produtor musical e educador
Sobre o autor

Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.


Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).


Criadores musicais (conteúdo educacional):

Rafael Piccolotto de Lima (conteúdo artístico):
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