O que é orquestração? O trabalho do orquestrador
- Rafael Piccolotto de Lima 
- 12 de jun. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 14 de jun. de 2023
O que é necessário para que uma música - de repente - ganhe vida nas mãos de dezenas de músicos de uma orquestra?
Como um tema musical simples se transforma em centenas de páginas de partituras a serem tocadas por um grande grupo musical?
O segredo por traz disso é a arte da orquestração!

Mas, afinal de contas, o que faz um orquestrador?
Cada músico de uma orquestra tem uma parte individual que indica o que e quando ele deve tocar. Mas, quem escreve todas as essas partes? Quem faz todas essas escolhas sobre o que cada músico vai tocar? Aí é que entra a figura do orquestrador! É ele quem cria todas as partituras, seja para uma orquestra, um coro ou qualquer outra formação instrumental.
Um orquestrador precisa conhecer a fundo os instrumentos. Não necessariamente tocá-los, mas ter uma intimidade auditiva (repertório) e conceitual (técnica) para poder escrever efetivamente. Esse conhecimento e experiência vai ajudá-lo a escrever idiomaticamente para todos os instrumentos. Isso - inclusive - tem a ver com o estudo da instrumentação, que já comentei em outro artigo: "O estudo da instrumentação e a escrita orquestral."
Considerações e escolhas de orquestração
Enquanto orquestrador, ressalto duas questões principais a serem consideradas: o timbre – que podemos encarar metaforicamente como a coloração - e o equilíbrio, o balaço de poderes sonoros dos instrumentos. Paralelamente, penso nos pontos fortes de cada instrumento, suas características e nas propriedades únicas que cada um pode trazer para a orquestração.
No fazer musical, um orquestrador se depara com questões como:
- Quais instrumentos estarão tocando em cada parte da música? 
- Qual nota, qual linha cada instrumento vai tocar? 
- Quais elementos musicais serão tocados por um só instrumento (solo), e quais serão dobrados por dois ou mais instrumentos? 
- Como um acorde será distribuído entre os instrumentos disponíveis? 
- São aconselhadas adaptações dos elementos originais da música para melhor aproveitar as características dos instrumentos disponíveis? 
Essas são só algumas das decisões que o orquestrador tomará para cada nota da música. E não se engane achando que essas escolhas são meramente detalhes; todas essas escolhas têm um grande impacto no resultado dessa obra!
Um bom exemplo de escrita orquestral
Com tudo isso em mente, é hora de analisar a obra a ser orquestrada!
Para aprofundarmos o assunto, trago um grande exemplo de orquestração feito por Maurício Ravel, compositor francês, em 1922. Ele orquestrou uma peça originalmente escrita para piano de Modest Mussorgsky, compositor Russo, escrita em 1874. O nome da obra é "Quadros de uma Exposição". Convido você a ouvir um trecho comparativo no video abaixo.
É bonito observar como um orquestrador, sem alterar as notas musicais escritas pelo compositor, sem alterar forma ou outros elementos da composição, consegue dar uma outra vida a um criação musical através da escolha dos instrumentos.
Se você tem interesse em aprofundar outros aspectos deste assunto, eu recomendo um artigo que escrevi sobre a relação entre instrumentação e orquestração: "Instrumentação e orquestração - o estudo da escrita musical para grandes grupos."
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Sobre o autor
Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.
Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).
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