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Desafios do ensino musical na era digital

Atualizado: 6 de nov. de 2022

Apesar de toda a tecnologia que conecta, aproxima e facilita a comunicação, ainda há situações em que o mundo analógico tem lá suas vantagens. Mesmo a pandemia tendo acelerado ainda mais os processos digitais do ensino a distância, na música, os encontros presenciais podem ser mais produtivos.


Então será que a metodologia tradicional de ensino musical é insubstituível apesar de toda tecnologia que temos disponível hoje em dia?


Essa é uma conversa que deve evoluir ainda bastante nesses anos que estão por vir, mas não há dúvida que existem alguns fatores únicos da experiência presencial que valem a pena serem considerados quando o assunto é o estudo musical.



Performance ao vivo no mesmo espaço físico

Ainda não existe nenhuma tecnologia disponível que permita a experiência de uma performance ao vivo, de fato, como se tem em uma mesma sala, ouvindo cada instrumento acusticamente em tempo real. Por mais que a tecnologia tenha evoluído nesse sentido com a qualidade de microfones e equipamentos de áudio a preços acessíveis, a interação das ondas sonoras geradas por instrumentos em um espaço físico é algo único. Além disso temos uma questão de delay (diferença de segundos entre uma conexão e outra) que impossibilita performances em tempo real com precisão rítmica.


Workshop de prática de grupo no Panama (professor Dr. Rafael Piccolotto de Lima)

Motivação e foco

Pode ser um desafio manter-se motivado a aprender quando se está sozinho em frente do computador. O ambiente acadêmico, com outras pessoas pré-dispostas a estudarem, do lado de um professor também focado na atividade, cria uma atmosfera educacional muito favorável. Ao contrário do mundo digital em que, muitas vezes, nos dispersamos impactados por telefone, propaganda ou até mesmo afazeres domésticos.


Interação no pré e pós aula

A interação e observação do que os colegas estão fazendo enriquecem imensamente o aprendizado. Isso é algo que vai além das aulas e de tocar em grupo – que por si só é uma experiência insubstituível. O pós aula/ensaio, o bate papo no café ou nos intervalos também são momentos riquíssimos de troca entre os músicos. Esses momentos se tornam ótimas oportunidades de aprender coisas além do conteúdo dado, fazer networking, e pensar sobre o fazer artístico de maneira mais ampla e orgânica. Este tipo de interação raramente aconteceria no mundo digital pelo fato de geralmente estarmos autocentrados e fazendo várias tarefas ao mesmo tempo.


Cerimônia de graduação em Miami - Doutorado em Artes Musicais

Conclusão

Cada meio de ensino vai oferecer vantagens e desvantagens únicas. Cada aluno vai responder de maneira única a esses estímulos, métodos e ferramentas de ensino. A questão é entender como otimizar cada situação e entender o que buscar e o que vai ser melhor para você.


O seu objetivo é ter acesso a conhecimento, praticar sozinho e ter flexibilidade no estudo? Talvez o estudo online seja uma excelente opção. O seu foco é a prática em grupo e a construção de parcerias musicais? Provavelmente o presencial vai te favorecer mais.


Enquanto aulas teóricas são bem funcionais no universo online, aulas que dependem de prática em grupo e níveis complexos de interação em tempo real são quase impossíveis.


Mas é bom entender que também existe uma série de vantagens do mundo digital, assunto para outro artigo que postarei em breve. No final das contas, o cenário ideal é a união dos dois mundos, analógico e digital, para tornar a experiência ainda mais completa, ágil e enriquecedora.

 

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Rafael Piccolotto de Lima - Compositor, arranjador, diretor musical, produtor musical e educador
Sobre o autor

Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.


Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).


Criadores musicais (conteúdo educacional):

Rafael Piccolotto de Lima (conteúdo artístico):

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