O que faz certos compositores produzirem tanto? Como é possível criar tantas obras de qualidade?
Quando observamos os grandes criadores musicais, é comum cairmos na armadilha de pensarmos que esses mestres sabem algo que nós não sabemos, algo que os permitem produzir obras de tamanha qualidade e em quantidade. Mas qual será esse segredo dos gênios da música?
Uma resposta é: a postura ativa, de alguém cuja vida circunda a criatividade. Se colocar no papel de compositor, arranjador; criador musical. Mas como?
A criação desse artigo em si funciona como exemplo do conceito (eu explico mais para frente). Por hora, trago sua atenção para um pensamento importante:
"Criatividade é uma escolha"
Essa afirmação foi inspirada em um livro de Seth Godin sobre a relação entre a prática criativa e sua existência como parte do mercado e da sociedade: The Practice (em português: "A Prática – Entregando um trabalho criativo"). Esse conceito relativamente simples, quase óbvio, é o segredo de grandes criadores musicais. Algo que muitos estudantes de música, estudantes da arte da composição e arranjo musical, não se dão conta. Muitos deles - por diversos motivos - nunca se colocam nesta posição ativa de criadores musicais.
Temos que colocar a energia necessária para aproveitar as ideias que nos vêm e buscar novas inspirações; começar o processo e insistir nele.
Feito é melhor que perfeito
Esse é outro ponto crucial que - inclusive - eu já trouxe à tona em detalhes em outro artigo aqui do blog. No texto em questão, comento sobre como o perfeccionismo e o excesso de autocrítica podem atrapalhar e até travar o processo. Clique aqui para ler: "Na música e na vida: Feito é melhor que perfeito!"
Resumidamente, o que me libertou das amarras da autocrítica foi o entendimento que uma criação musical - qualquer que seja ela - não precisa ter sua primeira versão como definitiva. Ela pode ser editada, revisada e aprimorada até que se alcance o resultado desejado. E, se ao final do processo você ainda assim não estiver satisfeito, não precisa apresentá-la a ninguém e com certeza terá aprendido durante o processo.
Eu escolhi criar!
Tenho essa postura proativa na música e a levo para vida.
Como prometido, usarei este próprio artigo como exemplo. Esses dias eu me lembrei desta frase central do texto: "criatividade é uma escolha". O que eu fiz? Escolhi usar essa reflexão como inspiração para criar! Pensei: "por que não fazer um blog sobre isso?"
Foi assim que me veio a ideia deste artigo. E se eu não tivesse decidido transformar essa reflexão em texto, este blog não existiria e você não estaria aqui lendo.
No momento eu não tinha o texto todo pronto na minha cabeça e nem tempo para escrevê-lo por completo. O que eu fiz então? Anotei as ideias principais e gravei um video espontâneo sobre o assunto para a página dos Criadores Musicais no instagram (que você pode ver abaixo). A partir daí o video foi transcrito e utilizado como rascunho para a escrita desse blog, que por sua vez será a base do roteiro para um vídeo a ser produzido para o canal dos Criadores Musicais do youtube.
Então, para ser um criador você tem que se colocar em uma posição de alguém que cria; você tem que agir! E agir, não significa necessariamente ter uma obra terminada agora, mas dar os primeiros passos, colocar as coisas em andamento para que esta fagulha criativa vire uma fogueira artística. E claro, você deve persistir no processo!
Nesse caso eu fiz um texto, não uma música. Mas, o conceito é exatamente o mesmo para a criação musical; o processo criativo seria bem parecido se a ideia vinda fosse uma melodia, ao invés de um tema filosófico.
A aplicação deste conceito na criação musical
Eu falo muito sobre esse estado criativo para os alunos no meu curso “Processos Criativos Musicais”; temos que colocar o processo criativo em andamento e alimentá-lo.
Se a ideia surgiu, de onde quer que ela tenha vindo, é importante registrá-la e utilizá-la como propulsora para outras ideias, até que ela vire, de fato, uma criação completa. Na música, podemos pensar nos seguintes estágios: ideia, rascunho, desenvolvimento, edição, até ela chegar em um formato final. E essa criação concluída pode ter reedições e desdobramentos posteriormente.
Um compositor produtivo (exemplo pessoal)
Fazendo uma retrospectiva da minha vida fica claro como tive momentos onde tudo circundava a criação musical. E não é surpresa que quando eu realmente adotava esta postura - me voltava para o mundo das ideias e concentrava meu foco em criar - a produção era substanciosa.
Em oposição, nos momentos em que não me coloquei nesse papel, deixei as atividades do dia a dia interferirem sem parar, deixei a criação de lado para cuidar de outros assuntos, a criatividade musical me abandonava.
Portanto para ser um criador musical, um compositor, um arranjador prolífico, não tenha medo de se colocar nesse estado de criação. Produza, crie e recrie!
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Sobre o autor
Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.
Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).
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Obrigado pelo texto, Rafael. Você expressou exatamente o que eu sinto e penso sobre composição (de canção). Lido com a prática composicional da mesma forma com que estudo e pratico meu instrumento: aprendendo conceitos, técnicas e criando. Depender de um momento de inspiração limita o compositor.