Só alcança o sucesso aquele que tem coragem suficiente para se expor e humildade para aprender em todas as etapas do caminho. Temos que deixar o ego de lado, temos que deixar os medos para trás e realizar! E se tiver alguém para guiar o nosso caminho, nossas chances de sucesso aumentam drasticamente.
Em um artigo anterior – “Uma grande sacada: o ego não cabe nas partituras” – eu escrevi sobre a importância de realizar trabalhos com pessoas que eu julgava tão boas ou melhores que eu e ser proativo nas minhas atividades. Esse foi um dos grandes insights que tive mais de uma década atrás e que se mostrou essencial na evolução da minha carreira. Nesse artigo de hoje eu trago um tema relacionado, trago a tona a importância da figura do mentor e do feedback: o retorno externo e a autocrítica.
Autopercepção e novos pontos de vista
Um dos tipos de feedback é a autoavaliação. Em excesso ela pode nos paralizar, mas em moderação ela é uma das coisas mais importantes para evoluir e crescer. Devemos nos autoanalisar e identificar o que está ou não está funcionando, o que pode melhorar e o que deve ser mantido. Aprendemos com nossos erros e acertos, e através desse aprendizado podemos tomar novas atitudes nos próximos trabalhos.
Os comentários a partir da percepção de outras pessoas são outra forma importante de feedback. O retorno dado por pessoas com outros pontos de vista e com valores diferentes dos nossos pode ser muito valioso. Se essa pessoa for alguém gabaritado na área, melhor ainda! De preferência alguém com muita experiência, alguém que nós admiramos e que poderá nos dar um retorno com muita propriedade. Em paralelo, o comentário de leigos também pode ser positivo por outras razões, como por exemplo o entendimento da percepção do nosso público em potencial. Independente de quem seja, é muito válido observar o impacto que nossa arte tem em outras pessoas. A questão chave é saber o que fazer com esse retorno.
A figura do mentor – um exemplo pessoal
Na jornada de um criador musical – ou de qualquer outra profissão – além da proatividade no aprendizado, ter um guia, um mentor, faz toda diferença. Um professor pode ser extremamente valoroso nesse sentido. Ele pode acelerar e exponenciar o seu desenvolvimento, seja você um jovem aspirante a músico, ou um profissional com anos de experiência. Através de comentários construtivos e questionamentos relevantes ele pode te orientar e te desafiar.
Durante meu mestrado e doutorado (na Universidade de Miami) eu tive a figura do Gary Lindsay como meu mentor. Eu me encontrava com ele toda semana e levava as peças nas quais eu estava trabalhando para analisarmos, ouvirmos e discutirmos.
Esse compromisso semanal ajudou muito na minha evolução musical, por diversas razões. Eu tinha um objetivo prático e de curto prazo; preparar algo para mostrar para ele, seja uma peça completa ou uma parte suficiente que mostrasse o caminho que eu estava seguindo. Muitas vezes ele conseguia me reapresentar ao meu próprio trabalho sobre um outro ponto de vista. Os comentários eram os mais diversos, desde: “Nossa, isto aqui é excelente!”, o que dá aquela inchada no ego, momentaneamente; ou “Olha, este trecho achei interessante, mas falta desenvolvimento” ou “Não sei se esta orquestração que você propôs é muito efetiva”. Tudo isso me orientava a repensar meu trabalho, experimentar outras idéias, e em ultima análise, evoluir.
Eu concordava com ele todas as vezes? Não. Mas eu levava todos seus comentários muito a sério e com grande consideração. Eu sempre experimentava todas as mudanças que ele me propunha. Tudo isso era aprendizado. Eu ia me conhecendo melhor nesse processo. Mesmo se ao final, depois de comparar as versões, eu voltasse a versão original. As vezes também surgia uma terceira versão, influenciada por novas ideias que me vinham ao testar as sugestões que ele dava.
Não existe uma única reposta – tudo é contexto
Bons mentores – como o caso mencionado acima – entendem que gosto pessoal, estética e objetivos também têm um papel importante nas nossas escolhas artísticas. Bons mentores entendem que não existe uma única maneira de criar. E, nesse sentido, é importante entendermos que esses questionamentos e reflexões são extremamente positivos para nossa evolução. Esse processo de questionamento e experimentação deve ser um processo contínuo, especialmente para nós que trabalhamos com criatividade. O papel do mestre é, em grande parte, nos ajudar neste processo criativo e de questionamento, nos dar um retorno lúcido e direcionamento – nos provocar a pensar.
Nossa obra é o rastro da nossa evolução
Mesmo entendendo que não há “erros” ou “acertos” absolutos quando se fala de arte, devemos sempre buscar o desenvolvimento dentro do nosso caminho – e nessa jornada, cada obra é uma parte do rastro desta evolução.
E você, está produzindo bastante? Tem um mentor? Recebeu algum tipo de feedback? Aprendeu com os “erros” e “acertos” das suas experiências anteriores?
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Sobre o autor
Rafael Piccolotto de Lima foi indicado para o Grammy Latino como melhor compositor erudito. Ele é doutor em composição de jazz pela Universidade de Miami e tem múltiplos prêmios como arranjador, diretor musical, produtor e educador.
Suas obras foram estreadas e/ou gravadas por artistas como as lendas do jazz Terence Blanchard, Chick Corea e Brad Mehldau, renomados artistas brasileiros como Ivan Lins, Romero Lubambo, e Proveta, e orquestras como a Jazz Sinfônica Brasileira, Orquestra Sinfônica das Américas e Metropole Orkest (Holanda).
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